Capítulo 16 - Xô Maldição!

Atravessei o portal e entrei no salão. Uma luz esverdeada emanava da estátua. Ela era alta e o fogo em suas mãos mal me deixava ver seu rosto.


Mas senti uma calma imensa. Todo o local irradiava tranquilidade. Não seria difícil meditar ali. Olhar a estátua me dava uma sensação muito relaxante, além do clima do local. Olhei bem pra ela e no meu íntimo pedi que me curasse, que me tirasse aquela maldição. Eu já me sentia quase em transe, como se meu corpo estivesse muito mais leve.
Sentei-me no chão a frente dela, cruzei as pernas, fechei os olhos e num instante uma sensação boa me invadiu. Eu me sentia feliz, tranquilo, leve...

Não sei dizer quanto tempo levei, mas me sentia levitando e depois senti como se descesse ao chão.

Como se estive acordando de um transe eu abri os olhos, me senti imensamente feliz e renovado.


Algo me dizia que tudo estava terminado. Que eu podia ir embora. Olhei mais uma vez para a estátua como que agradecendo. Peguei meu chapéu, sai e encontrei Francis ainda me esperando.


- E aí? Tudo bem?
- Tudo. Tudo ótimo. Me sinto tão bem. Tenho certeza de que estou curado.
- Maravilha. Você está mesmo empolgado.
- Faz tempo que não me sinto tão disposto, parece que recarreguei minha energias.
- É, é assim mesmo, foi como me senti alguns anos atrás.
- Então podemos ir. A Esfinge é mais maravilhosa do que eu imaginava.
- Romualdo, você sabia que o nome dessa estátua é Estátua da Tranquilidade?
- Não. Pôxa, mas faz todo sentido.


E assim partimos de volta para o alojamento para pegarmos nossas coisas e irmos embora pra casa.
Mais do que nunca eu queria ver Margareth, Oto e Pedrinho. Depois de quase ter o destino de virar uma múmia e morrer, a vontade de rever os que eu amava aumentara. E aproveitaria para passar um bom fim de semana com eles curtindo a companhia.


Francis tinha se mostrado um amigo e tanto. Mais do que eu poderia pensar. Apesar de nos darmos muito bem e termos nos tornados amigos, não nos conhecíamos há muito tempo. E jamais imaginara passar por tanta coisa e poder contar assim com a amizade dele. Certo que ele me zoou um bocado, mas era parte do jeitão dele, amigável e divertido. E amigos são pra isso mesmo, pra lhe zoar. Mas quando precisei estava ali pronto para me dar uma força.


No alojamento Francis me entregou uma sacola pesada e disse:

- Isso é pra você, cara. Se eu fosse você trocaria essas moedas antes de voltar pra casa.
- Moedas?
  Olhei dentro da sacola e havia várias moedas de ouro.
- Que é isso mano?
- Ouro, nunca viu? kkkk Brincadeira, é tudo seu. O que me interessam são algumas relíquias e pedras que coleciono. Essas aí são todas suas. Mas o melhor é que tem outra.
- Sério? Caramba! Valeu.
Quando fomos arrumar nossas coisas pra voltar pra casa e ele jogou ao lado da minha bolsa um segundo saco ainda maior e mais cheio de moedas de ouro eu fiquei pasmo. Eu sabia que o cara era meio doidinho e rico, dinheiro não era problema. Para ele o ouro que encontrou para ele era diversão, mesmo assim fiquei passado, mas feliz.


Que viagem louca, mas valeu a pena. Caso da caderneta resolvido, eu tinha me divertido os primeiros dias, conhecido um país incrível, pessoas novas. Eu ainda era humano e estava vivo e com grana, muita grana. E ainda faltava maior parte do meu pagamento que receberia pelo trabalho na volta pra casa. Será que agora daria para dar entrada na casa? Talvez desse até pra comprar a casa de uma vez. E a melhor parte, pedir Margareth em casamento.

(para quem não lembra ou não sabe Margareth é separada, descrito no capítulo 8)




Tutorial de Como se Livrar da Maldição da Múmia.